quinta-feira, 14 de abril de 2011

Influência dos jogos violentos sobre os jovens e a sociedade

 Um dos mais polêmicos entretenimentos da nossa época são os games violentos. Até o papa já falou sobre o assunto e declarou em mensagem que a “tendência de desenvolver produtos e jogos de vídeo game que exaltam a violência e o comportamento anti-social é repulsiva, especialmente quando tais produtos são voltados a crianças”. 
 No mundo científico, a coisa é mais complicada. Em 2006, as universidades da Califórnia e de Pittsburgh divulgaram um estudo, parcialmente publicado pelo “Estadão”, sugerindo que os jogos violentos mudam o comportamento daqueles que se expõem a esses. O estudo foi feito com 100 jovens entre 18 e 21 anos que tinham por hábito o vídeo game. Uma parte do grupo era usuária de um jogo que envolve roubos de carro, agressões físicas e assassinatos, o famoso Grand Theft Auto (GTA). A outra parte utilizava um jogo no qual o pai de um aluno precisa entregar na escola o projeto de ciências do filho em tempo hábil. Após uma sessão de jogos, os grupos foram submetidos a testes. Em um desses testes, os participantes foram colocados em uma situação escolar digamos imaginária, na qual o professor declarava sua desconfiança de que alguns alunos tivessem colado em uma prova. Em seguida, chamava um dos alunos, no caso um dos participantes da pesquisa, para uma conversa após a aula. O resultado mostrou que os participantes do grupo que tinha feito uso do game violento estavam mais propensos a achar que seriam acusados de trapaça pelo hipotético professor. Outros resultados da pesquisa indicavam que esse jogo aumentava a pressão sangüínea dos jogadores, especialmente nos jovens de lares ou comunidades violentas. Além disso, os usuários do game que não era violento exibiram uma atitude mais cooperativa em trabalhos em grupo, se comparados aos outros. Um dado polêmico que se acrescenta às discussões sobre jogos, hoje, é o realismo das imagens. Até pouco tempo, quando os jogos tinham aspecto de desenho animado, o caráter de fantasia das situações era mais óbvio. Atualmente, os jogos têm personagens e cenários tão realistas que o limite entre a fantasia e a realidade se torna muito pequeno.

Mais após todos os estudos e todas as suposições das pessoas e da mídia de que os jogos violentos influenciam os jovens, tudo cai em contradição. Que a exposição a jogos violentos predispõe as pessoas a se sentirem perseguidas e a adotarem comportamentos anti-sociais nós já sabemos, mais será que os jogos realmente levam as pessoas a praticarem violência? Algumas estatísticas americanas apontam é que desde o lançamento da primeira versão do jogo “Grand Theft Auto” mais conhecido entre os jovens como “GTA” em 1997, o número de incidentes violentos promovidos por jovens entre 12 e 15 anos caiu bastante. Segundo o site da “Revista da Semana”, o índice era de 87,9 eventos violentos para cada mil jovens dessa faixa etária no ano de 1997; em 2004, o número de eventos era de 49,7 em mil. É bastante interessante e curioso que o índice de violência venha diminuindo justamente durante a fase de explosão nas vendas de jogos. Isso nos leva a uma outra questão: estariam os jovens aproveitando esses games como válvula de escape para a sua agressividade? O argumento de defesa aos games que as crianças e jovens recorrem é que descarrega a raiva e o estresse. Para muitos psicólogos, esse é o fator preponderante para a escolha desse tipo de entretenimento.


Os psicólogos do Núcleo de Pesquisas de Psicologia e Informática da PUC não consideram que esses jogos violentos sejam totalmente responsáveis por estimular a violência entre crianças e jovens, a não ser que eles já tenham essa predisposição. E estando predispostos, o fator desencadeante pode vir de qualquer fonte, não apenas dos jogos. De qualquer maneira, eles alertam para o fato de os meios de comunicação e games estarem tornando a violência um evento banal. Muitos devem lembrar de eventos chocantes como os massacres provocados por atiradores em escolas, universidades, asilos e cinemas, especialmente nos Estados Unidos. Vimos de perto na última quinta-feira (07/04) no RJ em Realengo, wellington menezes de oliveira, entrou em uma escola e matou 12 alunos, e sabemos que o atirador era usuário desses jogos de violência. Mas o que os estudos feitos pelo serviço secreto americano revelaram foi que apenas 12% desses criminosos tinham o hábito de usar jogos eletrônicos. De fato, o hábito da leitura se mostrou duas vezes maior entre esses atiradores. 


 Em minha opinião em um mundo no qual mendigos são queimados vivos, mulheres grávidas são mortas à queima-roupa, universitários de classe média espancam prostitutas e empregadas domésticas no meio da rua, crianças morrem na sala de aula por nada, acho que já há violência suficiente. Além do mais, jogos violentos são proibidos para menores em diversos países, É um entretenimento apenas para adultos, ao qual muitas crianças acabam tendo acesso por falta de controle. De toda forma, é importante que se abra espaço para a discussão com alunos, pais e colegas profissionais da educação, pois a censura e a proibição não resolvem a questão. A criança terá acesso ao que ela quiser pela internet, então se esclarecer sobre o tema é o único caminho para cada um decidir da forma mais informada e ponderada quais os tipos de entretenimentos que podemos considerar saudáveis em nossas vidas.



 Por: Andressa Farias



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